Dizer não é um ato de liberdade. Escutar o não é reconhecer a liberdade do outro. Fugir dos dois é negar a própria existência.

Fomos ensinados que dizer não é falta de educação, egoísmo ou frieza. Por isso, tanta gente aceita o que não quer, engole incômodos e se molda para não ser mal vista ou mal falada. Só que essa tentativa de ser “boa pessoa” tem um preço: quem não sabe dizer não, também não sabe escutar um não. Quando alguém coloca um limite, o incômodo aparece. Vem a raiva, a sensação de rejeição, a leitura de que o outro está sendo injusto. Mas o desconforto é interno: é difícil aceitar que o outro faz o que você não consegue fazer, escolher a si mesmo sem culpa. Nas relações, isso pesa. Quem sempre cede se sente usado. Quem não tolera o não do outro busca controle disfarçado de afeto. A empatia vira distorção: acreditar que ser empático é nunca frustrar ninguém. O existencialismo lembra que todo sim é também um não. Fugir do não é fugir da própria liberdade. Dizer não é um ato de responsabilidade. E escutar um não sem se ofender é sinal de maturidade emocional. Aline AndradePsicóloga Clínica

Quando a vida antiga não cabe, o que sobra?

Você acorda e veste o uniforme de sempre: o mesmo crachá, a mesma rotina, a mesma maneira de responder “tudo bem” quando alguém pergunta. Só que, no fundo, não está mais tudo bem. O trabalho que antes dava orgulho agora pesa como um fardo. A relação que já foi lugar de aconchego hoje parece um contrato burocrático. Até a casa, com os móveis que você mesmo escolheu, já não transmite lar. É como calçar um sapato que foi feito para você anos atrás e agora aperta. E aqui vem a parte incômoda: não é o mundo que mudou tanto assim, foi você. Os sentidos que davam sustentação se esgotaram. E quando isso acontece, não há manual que segure. Você se vê diante daquilo que Sartre já chamava de condenação: ter que escolher, reinventar, assumir a liberdade de criar-se de novo. O vazio que aparece não é uma falha sua, é o anúncio de que a vida antiga morreu. E a pergunta é direta: você vai continuar tentando caber em algo que já não comporta quem você se tornou, ou vai aceitar o risco de nascer outra vez? Aline AndradePsicóloga Clínica

Será que estamos mais conectados ou mais distantes do que nunca?

Você sai do trabalho e passa no mercado. Volta pra casa cansado, mas antes de deitar abre o celular: dezenas de mensagens, piadinhas em grupo, notificações. Aparentemente, você está cercado de gente. Mas a sensação, quando apaga a luz, é de estar absolutamente sozinho. Isso não é falta de contatos, é falta de encontro. Você pode ter 200 “amigos” online e nenhum olhar que de fato reconheça sua existência. Pode dividir a cama e ainda assim se sentir invisível. O silêncio da solidão hoje se esconde em casas barulhentas e timelines agitadas. E aqui entra o ponto mais duro: é fácil reclamar da ausência do outro, mas quase nunca paramos para encarar a nossa própria ausência. Quantas vezes você está diante de alguém e, em vez de escutar, já está pensando na resposta? Quantas vezes finge interesse só para não admitir que a conversa não te atravessa mais? Solidão não é só falta de gente, é também a covardia de não se deixar ser visto de verdade. A questão é desconfortável: você quer companhia ou quer presença? Porque a primeira se compra em qualquer aplicativo. A segunda exige coragem de se mostrar e de sustentar o vazio de não ser correspondido.

Você insiste em parecer forte, mas o corpo sabe exatamente o preço que está pagando.

Você provavelmente já viveu isso: dizem que você é forte, que dá conta, que todo mundo pode contar com você. E você sorri, aceita, veste esse papel como se fosse um elogio. Mas no fundo, sabe que não é bem assim.Porque ser “forte” tem custado caro. Você aceita tarefas que não cabem, diz sim quando queria dizer não, sorri para não decepcionar. E quando finalmente está sozinha, seu corpo mostra a conta: dor nas costas, insônia, palpitação, cansaço que não passa.Você pode até enganar os outros, mas o corpo não mente. Ele sabe de cada vez que você ultrapassou seu limite, de cada vez que sacrificou seu descanso para sustentar uma imagem.Quem você está tentando convencer com essa força toda? E até quando vai pagar com a própria saúde o preço de parecer inabalável? Eu já senti na pele o peso de sustentar uma força que só existia por fora, enquanto por dentro o corpo pedia socorro. A terapia foi o lugar onde essa farsa começou a desmoronar e, junto dela, nasceu a possibilidade de uma vida menos sacrificada. Se você também se reconhece nesse papel de “forte”, talvez seja hora de se permitir outro jeito de existir. Aline AndradePsicóloga Clínica

Você corre, se ocupa, se distrai… mas o silêncio ainda te assusta mais que a correria.

Olha para a sua rotina. Você consegue passar horas resolvendo coisas, respondendo mensagens, indo de uma tarefa para outra. Mas quando sobra um minuto sem barulho, sem distração, você corre para preencher. Liga a TV, abre o celular, inventa uma ocupação qualquer.No fundo, não é falta de tempo. É medo de sentir. Porque na pausa o corpo começa a falar: o cansaço que você empurra, a ansiedade que você disfarça, a insatisfação que insiste em aparecer. É nesse vazio que as perguntas inconvenientes surgem: por que você continua nesse lugar? Até quando vai insistir nesse papel? O que você está adiando olhar?Você se acostumou a acreditar que parar é perda de tempo. Mas a verdadeira perda é viver correndo para não encarar a si mesma. Até onde essa fuga vai te levar?Eu conheço esse incômodo do silêncio que parece maior do que qualquer barulho. Já me vi ocupando cada minuto para não escutar o que ecoava dentro de mim. Na terapia, o silêncio não é um inimigo: ele se torna caminho. Eu posso te ajudar a sustentar esse vazio até que ele revele algo novo, e não apenas mais uma fuga. Aline Andrade Psicóloga Clínica

Quando você chama de “praticidade” o que na verdade é só o medo de se expor.

Você já percebeu como às vezes você se convence de que está sendo prática, madura, racional… quando na verdade está apenas fugindo? Você não discute porque “não vale a pena”, não se posiciona porque “não vai mudar nada mesmo”. Parece que está escolhendo paz, mas no fundo está escolhendo calar aquilo que te atravessa.No dia a dia, isso aparece de forma tão simples que quase passa despercebido: você engole um comentário atravessado no trabalho, sorri para não “estragar o clima” numa conversa em família, evita uma decisão importante porque não quer lidar com as consequências. Só que, pouco a pouco, a sua vida começa a ser moldada pelo que você evita, não pelo que você deseja.De onde vem essa dificuldade de se expor? Quem te convenceu de que enfrentar é perigoso demais? O preço de evitar pode ser alto: viver uma vida que até parece tranquila, mas que não te pertence de verdade.Eu sei como é se esconder atrás de frases bonitas para não encarar o que machuca. Não falo só de teoria, falo de um lugar que já conheci bem de perto. A diferença é que hoje eu não deixo mais que a fuga decida por mim. É isso que a terapia pode te oferecer: um espaço onde você não precisa mais mentir para si mesma e pode começar a escolher de verdade. Aline Andrade Psicóloga Clínica

O corpo traduz aquilo que sua boca não aprendeu a nomear.

Muitas vezes acreditamos que sentir acontece apenas “na mente”. Mas o corpo fala antes mesmo de conseguirmos nomear o que estamos vivendo. Ele antecipa. Ele avisa. O coração acelerado diante de uma escolha. O nó no estômago antes de assumir um risco. A tensão nos ombros quando a cobrança interna pesa mais que o necessário. São sinais de que algo em nós pede atenção. A ansiedade, por exemplo, pode se apresentar primeiro no corpo: insônia, suor frio, respiração curta. Não porque exista algo oculto nos controlando, mas porque ainda não aprendemos a escutar com clareza o que sentimos. Ignorar esses sinais é viver dividido. Reconhecê-los é integrar. É admitir que somos um só — pensamento, emoção e corpo em constante diálogo. Quando ousamos prestar atenção, percebemos que o corpo não é obstáculo, mas aliado. Ele nos mostra o que ainda não conseguimos dizer em palavras. Nos lembra de que toda emoção tem uma raiz concreta, ligada ao modo como estamos escolhendo viver. A psicoterapia pode ser esse espaço de aprendizado: um convite a se conhecer, a reconhecer como sua história se sustenta, e a criar novas formas de existir em que mente e corpo caminham juntos. Aline Andrade Psicóloga Clínica

Ansiedade é o nome que damos quando não conseguimos nomear nossos medos.

Crescemos ouvindo que medo é fraqueza. Então, em vez de dizer:“tenho medo de falhar”,“tenho medo de perder alguém”,“tenho medo de não ser suficiente”,“tenho medo de errar”,“tenho medo de não ser perfeito”,“tenho medo de não ter sucesso”,aprendemos a dizer apenas: “estou ansioso”. É mais aceitável falar de ansiedade do que admitir o quanto o medo nos atravessa. Mas a ansiedade nada mais é do que esse medo intensificado, desorganizado, que busca saída no corpo e nos pensamentos. Pense em quem evita responder mensagens porque teme decepcionar. Ou em quem não consegue dormir antes de uma reunião porque teme não corresponder às expectativas. O que se apresenta como ansiedade, na verdade, é medo não reconhecido, escondido atrás de uma palavra genérica. Quando não damos nome ao que sentimos, ficamos reféns de uma sensação difusa e sem rosto. Mas quando ousamos dizer nossos medos em voz alta, abrimos espaço para compreender, acolher e ressignificar. A psicoterapia ajuda justamente nesse processo: transformar a ansiedade em algo nomeável, em linguagem, em consciência. Só assim o que hoje paralisa pode se tornar uma possibilidade de movimento. Aline Andrade Psicóloga Clínica

Só há um abusador porque existe uma vítima.

Por mais difícil que seja olhar pra isso, muitos desses ciclos não se sustentam à toa. Existe algo que mantém você nesse lugar. E sabe de onde vem? De como você aprendeu o que era amor. De como te amaram, de como te mostraram o que era se relacionar.Talvez você tenha visto, dentro da sua própria casa, um dos seus pais no papel de vítima e o outro no papel de abusador. E isso ficou registrado como se fosse normal. Como se amor precisasse doer, machucar ou ser feito de controle, manipulação e silenciamento. Sem perceber, você repete. Porque foi esse o amor que te ensinaram. Foi assim que te mostraram que relações funcionam. E sim, muitas vezes o que te mantém nesse ciclo é acreditar que não merece mais do que isso. Que amor é difícil, pesado, cheio de dor.Às vezes, é o papel de vítima que alimenta algo aí dentro. Porque nesse lugar você se sente visto, cuidado, ouvido… nem que seja pela dor, nem que seja pela pena e pela solidariedade dos outros. Isso, de algum modo, também vira uma forma de afeto. E tem mais.Tem quem permaneça porque não quer ficar sozinho.Porque acredita que, se esse relacionamento acabar, não vai mais conseguir construir uma família, não vai mais ser amado, não vai encontrar outra pessoa.Tem quem, por ter sido uma criança negligenciada, desamparada, olhe para o relacionamento como se ele fosse preencher um vazio. Como se fosse suprir tudo aquilo que não recebeu antes. Só que enquanto você acredita que o outro vai mudar, que alguém vai te salvar, que algo externo vai resolver… você se mantém preso no mesmo lugar. E não, isso não é sobre culpa. Nunca foi.É sobre reconhecer que, por mais que esse padrão tenha sido aprendido, agora é sua responsabilidade escolher romper com ele. O salvador que você espera não existe.A mudança não vem de fora.Ela começa quando você decide sair do papel de quem espera… e escolhe assumir o papel de quem se responsabiliza pela própria vida. Se você sente que é hora de fazer diferente, eu posso te ajudar nesse caminho. Aline AndradePsicóloga Clínica

Até quando você vai viver à sombra dos outros e chamar isso de vida?

A cada vez que você se cala, que aceita menos do que merece ou que se acomoda no papel de figurante, reforça esse looping.É como se a sua história estivesse sempre nas mãos de alguém, menos nas suas. Você não precisa continuar repetindo esse roteiro. Mudar o movimento é possível, mas exige decisão. O primeiro passo é reconhecer que não é “o outro” que dita suas escolhas, é você. E se, em vez de continuar se adaptando à vida dos outros, você começasse a escrever a sua? Aline AndradePsicóloga Clínica