Há quem viva pedindo desculpas até quando não errou. Que revê conversas na cabeça antes de dormir, tentando descobrir se foi mal interpretado. Que pensa dez vezes antes de dizer “não”, e mesmo assim sente culpa depois. A ansiedade mora nesse lugar: o de quem tenta antecipar cada erro para evitar ser malvisto, rejeitado, criticado.
Mas esse zelo tem um preço. Viver tentando ser impecável é uma forma de se auto vigiar o tempo todo. Uma prisão disfarçada de consciência. Você se torna juiz e réu da própria vida, e nada do que faz parece suficiente.
Não é virtude viver exausto de tanto se cobrar. É sofrimento. E ele não passa com frases prontas, nem com descanso de fim de semana. Quando o medo de errar dita as regras, tudo empobrece: relações, prazer, espontaneidade.
Tente perceber, ao longo do dia, quantas vezes você se desculpa por coisas mínimas. Ou quantas decisões toma pensando em não decepcionar alguém. Escreva isso, sem julgamento. Às vezes, ver no papel o tamanho da cobrança é o primeiro passo para desmontar o ciclo.
Mas sair desse lugar exige mais do que consciência. É preciso aprender a sustentar o desconforto de não ser perfeito, de não agradar sempre. A terapia te ajuda a fazer isso com um olhar mais gentil, sem se perder no excesso de culpa. É nesse espaço que você pode, finalmente, deixar de se punir por ser humano.
Aline Andrade Psicóloga Clínica




