Você pensa, repensa, faz listas mentais. Analisa todos os cenários possíveis, mas continua parada. Como se cada escolha viesse com um aviso de perda. E vem. Decidir é abrir mão, e isso assusta.
No fundo, não é indecisão. É medo de se arrepender. De investir tempo, energia, amor, e descobrir depois que não era bem aquilo. É tentar controlar o imponderável, como se houvesse um caminho certo garantido.
Enquanto isso, a vida acontece no modo espera. Você deixa de responder mensagens, posterga conversas, não agenda compromissos. A ansiedade se disfarça de “preciso pensar melhor”, mas o que você quer mesmo é adiar o risco. Só que adiar também é decidir, a favor da estagnação.
Observe as pequenas decisões do seu dia: o que você adia, o que evita responder, o que analisa demais. Escolha uma dessas situações e tente agir com mais presença, não para acertar, mas para perceber o que sente quando finalmente se move. Às vezes, o que falta não é uma resposta perfeita, e sim coragem para sustentar a dúvida sem paralisar.
Só que fazer isso sozinha pode ser confuso. A mente ansiosa mistura todos os medos e transforma cada passo em ameaça. Na terapia, você aprende a organizar esse emaranhado, reconhecer o que é medo, o que é desejo e o que é apenas ruído. Ter alguém conduzindo o processo ajuda a transformar o medo de escolher em um movimento de liberdade.
Aline Andrade
Psicóloga Clínica




