Às vezes, o vitimismo é só o medo disfarçado de explicação.

Às vezes, a pessoa reclama que nada dá certo, mas também não se move. Tudo que sai do roteiro, ela transforma em injustiça. Diz que é inveja, olho gordo, o universo testando, qualquer coisa que alivie o peso de ter que se responsabilizar.

Só que o vitimismo, na maioria das vezes, é medo travestido de lógica. Medo de tentar e falhar, de reconhecer que não controla tudo, de aceitar que a vida não se curva às nossas expectativas. É mais fácil culpar o mundo do que admitir a própria paralisia.

O obstáculo, muitas vezes, é o medo de ser visto tentando. De ter que recalcular o caminho, fazer novas escolhas, se frustrar, mas não desistir.

O autoconhecimento que transforma não vem de livros ou frases prontas. Ele nasce na terapia, com o psicólogo. Com alguém que te confronta com cuidado, que sabe te perguntar, que te observa além do que você diz, que entende como você funciona.

Porque mudar exige coragem. E coragem não se explica. Se vive.

Aline Andrade
Psicóloga Clínica