A raiva não surge por acaso. Ela aparece quando algo dentro de você já gritou “basta” e não foi ouvido, nem por você, nem pelos outros.
Quem vive tomado por ela, geralmente:
Explode por pouco, mas engole o que realmente importa.
Tenta conter o mundo pra não desabar por dentro.
Acumula frustração por se sentir invisível ou desrespeitado.
Sente culpa depois do impulso, mas logo se defende pra não se sentir fraco.
E, no fundo, usa a raiva pra não encarar o que dói: rejeição, medo, impotência.
Essas pessoas parecem duras, mas por dentro há um acúmulo de decepções não elaboradas.
Elas não sabem pedir, então exigem. Não sabem confiar, então controlam.
E vivem cansadas de reagir, mas sem saber outro jeito de existir.
Atendo com frequência pessoas que chegaram ao limite da própria irritação. No consultório, o trabalho não é “eliminar a raiva”, e sim entender o que ela está tentando proteger. Porque a raiva, quando escutada, revela o que foi calado por muito tempo.
Com o tempo, ela deixa de dominar e passa a indicar caminhos.
A psicoterapia ajuda a transformar o grito em compreensão, e o impulso em escolha consciente.
Aline Andrade
Psicóloga Clínica




