Adoeci no meu melhor momento.

Adoeci no meu melhor momento.
E descobri que o corpo não escolhe datas convenientes. Ele apenas espera. Espera a vida ficar minimamente estável para fazer emergir o que foi ignorado enquanto eu precisava sobreviver. É estranho perceber que o adoecimento não veio no caos, mas na ordem. Não quando tudo estava ruindo, mas justamente quando eu finalmente tinha chão.

Há algo quase cruel nisso. Quando a rotina se ajeita, quando o trabalho acalma, quando as relações deixam de ser território de guerra, o corpo entende que existe espaço para reparar o que ficou suspenso. Foi aí que percebi que o silêncio acumulado também pesa. Que aquilo que parecia superado estava apenas adormecido, guardando energia para se manifestar na primeira brecha de segurança.

O adoecimento no melhor momento não é contradição. É consequência.
É o instante em que a vida para de exigir resistência e começa a exigir honestidade.
E enfrentar isso sozinha pode transformar o processo em labirinto.

Na psicoterapia, esse movimento encontra lugar, nome e direção. É onde a dor tardia pode ser examinada sem pressa, onde o que emergiu finalmente encontra linguagem, e onde o corpo deixa de carregar sozinho o que não foi possível sentir antes.

Se você também adoeceu quando tudo parecia “enfim certo”, talvez seja justamente agora que você tenha espaço real para se escutar. E eu posso te acompanhar nessa travessia.

Aline Andrade
Psicóloga Clínica