Fomos ensinados que dizer não é falta de educação, egoísmo ou frieza. Por isso, tanta gente aceita o que não quer, engole incômodos e se molda para não ser mal vista ou mal falada. Só que essa tentativa de ser “boa pessoa” tem um preço: quem não sabe dizer não, também não sabe escutar um não.
Quando alguém coloca um limite, o incômodo aparece. Vem a raiva, a sensação de rejeição, a leitura de que o outro está sendo injusto. Mas o desconforto é interno: é difícil aceitar que o outro faz o que você não consegue fazer, escolher a si mesmo sem culpa.
Nas relações, isso pesa. Quem sempre cede se sente usado. Quem não tolera o não do outro busca controle disfarçado de afeto. A empatia vira distorção: acreditar que ser empático é nunca frustrar ninguém.
O existencialismo lembra que todo sim é também um não. Fugir do não é fugir da própria liberdade. Dizer não é um ato de responsabilidade. E escutar um não sem se ofender é sinal de maturidade emocional.
Aline Andrade
Psicóloga Clínica




