Se você me amasse de verdade, não teria feito isso.

Essa frase parece um desabafo, mas carrega uma acusação. Como se amar fosse adivinhar, como se o outro tivesse a obrigação de saber exatamente o que você sente, precisa ou espera.

Muitas vezes, dentro das relações, a gente não se comunica de forma clara. E tem vezes que nem a gente sabe o que gosta, o que não gosta, o que nos atravessa. Às vezes só percebemos que algo era um limite quando ele já foi ultrapassado. E mesmo assim, exigimos que o outro soubesse. Como se amar significasse ter uma bola de cristal.

Não significa.

Quem se relaciona são duas pessoas em movimento. Com histórias diferentes, percepções diferentes, e limites que nem sempre estão claros desde o início. É por isso que amar exige conversa. Nomear o que sente. Dizer o que incomoda. Ouvir o outro também.

Alguns exemplos do que pode ser uma conversa mais clara:

“Quando você sai sem me avisar, eu me sinto deixada de lado. Queria que a gente combinasse isso antes.”
“Eu percebi que fico desconfortável com esse tipo de brincadeira. Podemos conversar sobre isso?”
“Eu gosto de carinho, mas às vezes preciso de espaço. Isso não significa que eu me afastei de você.”

Amor não adivinha. Amor aprende. Ajusta. Pergunta. Escuta.
E pra isso, cada um precisa manter sua individualidade viva dentro da relação.

Nem tudo que machuca é desamor. Às vezes é só falta de comunicação. Às vezes é só falta de escuta. E às vezes, é só humano.

Aline Andrade
Psicóloga Clínica