Será que estamos mais conectados ou mais distantes do que nunca?

Você sai do trabalho e passa no mercado. Volta pra casa cansado, mas antes de deitar abre o celular: dezenas de mensagens, piadinhas em grupo, notificações. Aparentemente, você está cercado de gente. Mas a sensação, quando apaga a luz, é de estar absolutamente sozinho.

Isso não é falta de contatos, é falta de encontro. Você pode ter 200 “amigos” online e nenhum olhar que de fato reconheça sua existência. Pode dividir a cama e ainda assim se sentir invisível. O silêncio da solidão hoje se esconde em casas barulhentas e timelines agitadas.

E aqui entra o ponto mais duro: é fácil reclamar da ausência do outro, mas quase nunca paramos para encarar a nossa própria ausência. Quantas vezes você está diante de alguém e, em vez de escutar, já está pensando na resposta? Quantas vezes finge interesse só para não admitir que a conversa não te atravessa mais? Solidão não é só falta de gente, é também a covardia de não se deixar ser visto de verdade.

A questão é desconfortável: você quer companhia ou quer presença? Porque a primeira se compra em qualquer aplicativo. A segunda exige coragem de se mostrar e de sustentar o vazio de não ser correspondido.