E não, não é fácil aceitar isso quando fomos ensinados a “ser gratos” e “não falar mal de quem nos criou”.
Muitos dos desafios que você enfrenta hoje, como a busca obsessiva pela perfeição, o medo de errar, a dificuldade de impor limites, a ansiedade para agradar e a sensação constante de não ser suficiente, têm raízes que ultrapassam sua história pessoal.
Na tentativa de fazer diferente dos próprios pais, os seus cuidadores deram a você não exatamente o que precisava, mas aquilo que faltou para eles. Não por má vontade, mas porque carregavam suas próprias feridas, medos e sonhos frustrados.
Assim, muitas vezes, você não foi criado para ser você. Foi criado para realizar a vida que seus pais não conseguiram viver, para cumprir o que eles não puderam. E para isso, teve que abrir mão de partes importantes da sua identidade, como opiniões, desejos e emoções, para se encaixar em um papel que não escolheu.
Essa renúncia silenciosa molda suas escolhas e limita sua liberdade hoje. Você procrastina, evita conflitos, não admite seus erros, sente que nunca está à altura. Porque, no fundo, ainda carrega o peso da expectativa não dita: ser o que eles queriam, não quem você é.
Na terapia, o convite é corajoso e profundo: parar de carregar essa herança imposta e começar a reivindicar sua autenticidade. Entender que seu valor não depende de cumprir os sonhos de outros, mas de aceitar suas imperfeições, suas dúvidas, seus desejos.
Não é fácil desconstruir essa identidade emprestada, mas é o único caminho para que você viva uma vida realmente sua, não uma extensão dos sonhos não realizados de seus pais.
Se esse chamado ressoa em você, podemos iniciar esse trabalho juntos. Para que, enfim, você encontre o espaço de ser você, inteiro, livre e responsável pela sua própria existência.
Aline Andrade
Psicóloga Clínica




