A gente foi ensinado a acreditar num amor ideal. Um amor que aceita tudo, que nunca questiona, que ama até os defeitos como se fossem poesia.
E aí, quando o outro diz “isso me incomoda”, “eu não gostei da sua atitude”, “isso me fere”, soa como ataque. Como se apontar um desconforto fosse o mesmo que deixar de amar.
Mas não é.
Amar também é se frustrar. Também é conversar sobre o que não funciona.
E ninguém, absolutamente ninguém, vai te amar sem nunca esbarrar nos seus defeitos.
Porque todo mundo tem os seus. E, cedo ou tarde, os seus vão bater nos do outro.
A diferença é o que se faz com isso.
Quem ama de forma real não nega o incômodo, não engole tudo, não finge que está tudo bem.
Quem ama, fala. Expõe. Escuta. Ajusta.
E entender isso é essencial pra não transformar qualquer conversa difícil em um rompimento emocional.
Exemplo?
“Quando você fala comigo desse jeito na frente dos outros, eu me sinto desrespeitado.”
Não é falta de amor. É um pedido por consideração.
“Eu preciso de um tempo sozinha depois de um dia estressante, não é sobre você.”
Não é rejeição. É autorrespeito.
“Essa forma de brincar me machuca.”
Não é implicância. É limite.
Quem te ama vai apontar o que machuca.
Não pra te diminuir, mas pra que a relação não se perca.
Porque o amor de verdade não é aquele que aceita tudo calado.
É o que cuida do vínculo com verdade e presença.
Aline Andrade
Psicóloga Clínica




